Drones são arma contra carros-bomba dos extremistas ao sul de Mossul

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Fumaça é vista perto de tanque iraquiano, em Mossul, no dia 6 de novembro de 2016 - AFP

“É um carro-bomba”: com seu walkie-talkie nas mãos, o oficial alerta as suas tropas, baseando-se nas imagens filmadas ao vivo por um drone. Segundos mais tarde, uma nuvem de fumaça se eleva do local onde um helicóptero acaba de lançar dois mísseis.

Mas o tenente-coronel Mohamed Salih já precisa se concentrar em uma nova ameaça: “Há quatro membros do Daesh em seu flanco direito. Não são tropas amigas, repito, não são tropas amigas”.

Os homens da 15ª divisão iraquiana avançam na localidade de Salahiyah, às portas de Hamam al Alil, 15 km ao sul de Mossul.

Nesta frente sul, o drone, com sua aparência de brinquedo, é um importante trunfo militar. Sobrevoa as linhas inimigas, antes de voltar e pousar na antiga escola do povo. A escola, localizada em uma colina a partir da qual se avista uma planície poeirenta, foi transformada em posto de comando de vanguarda.

“O drone nos permite reconhecer a zona e detectar movimentos do inimigo, para dirigir melhor nossos soldados em direção aos seus alvos e destruí-los”, explica o tenente-coronel.

O artefato, com uma envergadura inferior a 40 cm, e disponível no mercado por 600 dólares, possui uma câmera e quatro pequenas hélices. É manipulado através de um “joystick” acoplado a um tablet que transmite em tempo real as imagens, filmadas a 150 metros de altura.

As posições do exército iraquiano normalmente são atacadas por disparos de morteiro ou dos franco-atiradores. Ao entrar em contato com as tropas, o grupo Estado Islâmico (EI) utiliza sobretudo carros-bomba dirigidos por suicidas.

“Alguns combatem e morrem, outros fogem, não são homens”, comenta Ali, de 25 anos, soldado da unidade de comando da divisão, enquanto recarrega seu fuzil M16. “Espero usar todas (as munições), e ainda tenho reservas”, afirma.

Seu rosto se torna sério quando mostra em seu telefone celular a foto de um jovem sorridente. “Era meu amigo. Anteontem, com um míssil teleguiado o fizeram saltar pelos ares em seu Humwee”, conta

– “É preciso ir ver” –

Para se deslocar, a força de ataque iraquiana utiliza Humwees, estes veículos 4×4, e os Mraps, para transporte de tropas e que são construídos especificamente para resistir aos artefatos explosivos.

À medida que os soldados avançam, as detonações se tornam cada vez mais próximas, e depois se sucedem as rajadas de tiros entrecortadas.

Ao mesmo tempo, o céu é tomado por helicópteros que lançam seus mísseis sobre os alvos designados, em um balé mortífero que se repete dezenas de vezes.

O primeiro ferido chega à enfermaria instalada na escola: um soldado tem as duas coxas atravessadas pela mesma bala. Sua arma está suja com seu próprio sangue. O soldado, depois de receber os primeiros socorros, é evacuado em direção à retaguarda em uma ambulância.

Apesar do drone, o tenente-coronel recebe informações contraditórias: os homens armados detectados a 600 metros perto da mesquita do povo são combatentes do EI ou uma unidade avançada de seus próprios soldados?

“É preciso ir ver”, decide. Faz isso, com uma boa escolta, usando sua boina vermelha, a pé, sem armas ou colete à prova de balas.

No povoado abandonado, uma vaca, seguida por seu bezerro e um cachorro, vaga pelas ruas. As detonações diminuem e param ao cair da noite. A zona está sob controle.

“A próxima parada é Hammam Amil e Mossul”, anuncia Mohammed Salih. Seus homens prometem segui-lo até o “coração do Daesh”.

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