Cada vez mais acessíveis, as aeronaves não tripuladas viram febre. Cursos para ‘pilotos’ e campeonatos se espalham pela cidade

Eles estão nos céus de todo o Rio de Janeiro: iluminaram os shows do Rock in Rio, subiram a Rocinha com o Exército, estão monitorando atividades agrícolas e obras da construção civil, registram eventos especiais e já até levantam voo em quadras escolares e universitárias. Cada vez mais acessíveis e regulamentados, os drones são capazes de fotografar e filmar em altíssima qualidade, coletar diversos tipos de dados, fazer pequenos transportes de mercadorias, e, no futuro, podem até vir a transportar pessoas.

A procura para aprender a pilotar ou mesmo montar um drone está crescendo entre os cariocas, segundo o professor Eduardo Paes Leme, que criou um curso tecnológico de capacitação. “Operar sem instrução pode ser perigoso, é um equipamento rápido, com motores de alta potência, as hélices são cortantes”, explicou.

Segundo o professor, a formação é procurada tanto por quem quer utilizar os drones para uso profissional quanto para recreação: “Decolar o drone é divertido, a construção também é um hobby, e ainda temos corridas (drone racing e drone rally). A modalidade está engatinhando para se tornar um esporte consolidado no Brasil”, explicou. “Quanto ao lado profissional, hoje, quem tem um bom drone não fica sem dinheiro. Ensinamos a operar, montar, a empreender e formamos novos professores”, completou. As inscrições para o curso de drones no NTPRO (Núcleo de Tecnologia Profissional) podem ser feitas pelo site www.escolatecnologicarj.com.br. A mania dos drones também invadiu o campo educacional e já é integrada à proposta pedagógica de escolas da cidade. No Cefet-RJ, a equipe coordenada pelo professor João Quadros foi premiada com o 5º lugar em uma competição experimental no ano passado, em Minas Gerais. “Esse tipo de atividade extra demonstra para o aluno a parte prática do que eles aprendem em sala, tem um poder didático enorme”, elogiou o professor. “Eles aprendem tudo sobre o drone, programação, sensores, a cibernética e automação. E também aprendem finanças, marketing, tudo o que for preciso”, apontou Leme.

Duas equipes do Colégio Pedro II também foram premiadas na mesma competição, trazendo para casa o 3º e o 4º lugares. “É uma tecnologia nova, os alunos ficam empolgados e motivados. Precisamos aprender tudo do zero. Voar pela primeira vez é difícil, o drone cai, quebra, mas eles vão controlando e no fim sempre dá tudo certo”, comemorou a professora Ana Luísa Duboc, que coordenou o projeto no ano passado. “Isso incentiva os alunos a estudar o tema mais a fundo e a ver que eles têm potencial para realizar qualquer projeto que quiserem”, garantiu a Ana Luísa.

As equipes foram coordenadas também pelos professores José Eduardo Mendes, Robson Costa, Caio Jordão, Fernanda Araújo e Jorge Fernando Silva de Araujo.

Já as regras da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) dividem as pequenas aeronaves em aeromodelos (para recreação e lazer) e RPAs (para fins experimentais e comerciais). Ambos só podem ser pilotados a 30 metros horizontais das pessoas. Aeronaves com peso acima de 250 gramas, ou que estejam a 400 pés (130 metros) acima do nível do solo, precisam ser registradas junto à Anac. A regulamentação completa está no site www.anac.gov.br.

Já o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) determina que o uso recreativo seja somente em espaços destinados ao aeromodelismo e proíbe voos em áreas de segurança como quartéis e presídios. A lista completa está disponível no site decea.gov.br.

Equipamentos têm regras próprias

A regulamentação dos drones tem evoluído no Brasil: quem quiser usar o equipamento para uso profissional, por exemplo, precisa ter ao menos 18 anos de idade. Os equipamentos precisam ser homologados individualmente na Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), já que são aparelhos que usam tecnologia de radiofrequência e poderiam interferir em outros sinais de comunicação.

As regras podem ser conferidas no site www.anatel.gov.br. Já as regras da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) dividem as pequenas aeronaves em aeromodelos (para recreação e lazer) e RPAs (para fins experimentais e comerciais). Ambos só podem ser pilotados a 30 metros horizontais das pessoas.

Alunos do Colégio Pedro II conquistaram o 3º e 4º lugares da competição de drones no ano passado Divulgação
Alunos do Colégio Pedro II conquistaram o 3º e 4º lugares da competição de drones no ano passado
Divulgação

Aeronaves com peso acima de 250 gramas, ou que estejam a 400 pés (130 metros) acima do nível do solo, precisam ser registradas junto à Anac. A regulamentação
completa está no site www.anac.gov.br.

Já o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) determina que o uso recreativo seja somente em espaços destinados ao aeromodelismo e proíbe voos em áreas de segurança como quartéis e presídios. A lista completa está disponível no site decea.gov.br.

Atuação multiuso: do entretenimento ao apoio na segurança

No universo do entretenimento, os drones fazem sua parte. Na edição deste ano do Rock in Rio, eles foram destaques entre o terceiro show e o headliner do Palco Mundo em todos os dias do festival, com direito a um balé de drones coordenados com luzes e sons, que formaram desenhos no ritmo da música.

Eles também foram vistos atuando na segurança do festival, monitorando a área da Lagoa de Jacarepaguá e, no último final de semana, também foram usados pelas Forças Armadas durante a operação na Rocinha para averiguar a região.

Os drones também servem na inspeção de construções; fiscalização de locais de difícil acesso; fotogrametria e geoprocessamento de terrenos; controle de fronteiras; em pulverizações na agricultura e diversos outros usos.

De olho no mercado em ascensão, o cientista da computação Marcos Heidemann, 29, e a biblioteconomista Mariana Mathias, 27, criaram uma empresa, a Drone42, para atender algumas dessas demandas. “Em 2015 compramos um drone para recreação e vimos potencial para negócios. Inicialmente, prestávamos serviços mais simples de fotografia e filmagem, mas hoje já evoluímos para fazer também serviços como modelagem tridimensional de terrenos e mapeamento de vegetações”, explicou Heidemann.

Agora o casal pretende transformar o projeto em sua principal fonte de renda: “Áreas de atuação não faltam, o drone tem um potencial incrível. Em alguns casos ele é capaz de substituir um helicóptero, por exemplo, a um custo muito mais baixo”, declarou Marcos.

A atração pela área, porém, vai além da questão profissional: “Nós já tínhamos estudado fotografia e, quando conhecemos os drones, ficamos fascinados. É maravilhoso estar ali em cima, em um ângulo tão diferente. A poucos metros você já vê um mundo inteiro que não podia ver antes”, revelou o cientista.

Reportagem da estagiária Nadedja Calado, sob supervisão de Claudio de Souza

 

 

Fonte: http://odia.ig.com.br

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