Drones na agricultura: por que vale a pena investir nessa tecnologia?

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Com cada talhão mapeado em detalhes por fotos aéreas, o agricultor diagnostica a incidência de pragas e doenças, avalia falhas na lavoura e aperfeiçoa o manejo

Os drones, que impressionam o mundo e que até pouco tempo atrás só eram usados em atividades de lazer, já não ficam restritos ao uso em grandes metrópoles. Atualmente, esses equipamentos são usados em benefício do setor agrícola. Eles despontam como uma excelente ferramenta para identificar a situação das plantações e facilitam o trabalho do produtor rural (leia mais:Drones podem atender pequenos, médios e grandes produtores).

 

Mapeamento aéreo

Mesmo ainda sendo pouco utilizado no Brasil, o uso de drones na agricultura para mapeamento aéreo já é uma realidade e dá uma visão geral da lavoura de um ângulo diferente do que estamos acostumados. Investimentos nesta área estão avançando rapidamente por garantir ao produtor a facilidade de ver e analisar sua lavoura sem sair do seu escritório e por permitir tomar decisões de manejo baseadas em fatos e imagens, no lugar de probabilidade não comprovada.

Com o uso dessa ferramenta, o agricultor pode avaliar suas lavouras por outras perspectivas por meio do uso de câmera e softwares especiais. Com isso, a tecnologia permite gerar diversas informações que podem auxiliar o agricultor a melhorar as tomadas de decisões na fazenda (leia mais:Embrapa vai desenvolver tecnologias em drones para uso no campo).

Quanto custa?

Atualmente temos no mercado brasileiro oferta de Drones e VANT (Veículo Aéreo Não Tripulado) com preços que variam entre R$ 4 mil e R$ 3 milhões. Ao adquirir um drone com peso superior a 250 gramas, faz-se necessário registrar o equipamento na Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) e também homologá-lo na Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) mediante pagamento de taxa no valor de R$ 200. Vale lembrar que alguns drones já podem ser comprados homologados. Clique aqui para conferir mais informações sobre as regras da Anac.

Experiência no campo

Há um ano e meio, eu adquiri um Phantom 4 da DJI por R$ 6 mil. Comecei a utilizar o drone para captar fotos das lavouras de clientes atendidos pela Monagri consultoria. Eu tirava diversas fotos, mas queria uma ferramenta mais completa que compilasse essas fotos, gerando uma foto com maior resolução para melhor visualização e análise.

A partir daí, passei a utilizar o Drone Deploy, um aplicativo para processamento de fotos aéreas. Com isso, consegui aperfeiçoar o monitoramento, melhorando o planejamento e a execução dos voos com drones. Por meio de uma plataforma interativa e de uma sequência de fotos, o aplicativo é capaz de criar um “ortomosaico” que oferece uma visão completa da área de cada talhão mapeado.

Talhão mapeado em detalhes

Após a junção de várias fotos e processamento das imagens, o “ortomosaico” exibe um filtro de cores que diferencia as plantas nascidas, palhadas e solo exposto. Assim, torna-se possível detectar, quantificar e qualificar as falhas de plantio.

 

Vantagens da tecnologia

Essas informações permitem que o agricultor tome as melhores decisões relativas ao manejo da palhada; atualizações do sistema de plantio, com o objetivo de melhorar a distribuição de sementes; modificação da profundidade de plantio, aumentando, assim sua plantabilidade; além do monitoramento de rastros de aplicação e pontos específicos de alta compactação.

Exemplos de fotos para monitoramento das lavouras

Nas imagens aéreas abaixo, o agricultor consegue identificar falhas de plantio em lavoura de soja. Com o filtro, é possível quantificar as falhas registradas na lavoura com base na coloração da imagem.

Falhas de plantio em lavoura de soja

Falhas de plantio em lavoura de soja

Captura das fotos aéreas

Além de poder manipular as fotos utilizando os filtros de cores, também é possível modificar a captura das imagens. Utilizando uma câmera multiespectral, o agricultor terá ao seu alcance imagens de NDVI (Normalized Difference Vegetation Index). Assim, é possível analisar a condição da vegetação natural ou agrícola nas imagens geradas, por meio da leitura de diferentes espectros de cores emitidos das folhas.

Esses espectros de cores são usados para medir a intensidade de atividade clorofiliana, inclusive comparando vários períodos distintos. Em posse do ortomosaico criado com imagens de NDVI, é possível identificar pontos de estresse na planta, sejam eles provocados por seca ou excesso de chuva, incidência de uma determinada praga, necessidade de nutrientes ou até mesmo a alteração do seu funcionamento normal por parte de uma aplicação incorreta de agroquímicos.

 

Veja na imagem abaixo um mapa de NDVI em Soja no Mato Grosso

Mapa de NDVI em Soja no Mato Grosso

Essa gama de possibilidades ocorre graças à diferença de coloração entre as plantas normais e as sob estresse. Outra funcionalidade do NDVI é a possibilidade de identificar plantas invasoras, sendo elas pioneiras da região ou rebrota de safras passadas, pois a coloração dessas plantas é diferente da cultura principal. Com isso, o agricultor pode se antecipar na solução do problema, programando aplicações de herbicidas para conter o avanço das plantas daninhas.

 

Custo-benefício dos drones

Para avaliar as vantagens dos drones, é importante conhecer casos reais de aplicação no campo. Com o auxílio da Monagri Consultoria, a Sementes Petrovina, grupo que possui fazendas na região Sul de Mato Grosso, investiu em projeto para utilizar drones. A empresa viu valor na tecnologia e adquiriu um VANT e um software de processamento pelo valor total de R$ 115 mil em dezembro de 2017, com o objetivo de realizar voos em suas fazendas, além de monitorar fazendas de parceiros e clientes.

Atualmente, o engenheiro agrícola Adriano Morel e Pedro Mokfa, que é graduado em Sistemas de Informação, estão utilizando esse equipamento para avaliar os campos de sementes de soja, algodão e milho que o grupo semeia. Atualmente, a Sementes Petrovina é um dos pioneiros nesse tipo de trabalho em Mato Grosso e está evoluindo com o uso da tecnologia, começando a ter os primeiros resultados positivos usando o equipamento para atingir uma larga escala.

 

Profissionalização

Os produtores e profissionais interessados em investir nessa área podem buscar o auxílio de consultorias especializadas como a Monagri ou apostar em cursos sobre a aplicação de drones no campo. Não faltam opções para se capacitar. Exemplo disso é que recentemente o Senar Mato Grosso criou um curso para operação para drones. O curso gratuito, com carga horária de 16 horas, é ministrado em duas cidades, Campo Novo dos Parecis e Sorriso/MT. Clique aqui para mais informações sobre esse curso.

 

Em Mato Grosso do Sul, também há oferta de capacitação, confira: Senar/MS lança capacitação para uso de drones no campo. Muitas empresas da Associação Brasileira de Prestadores de Serviços de Agricultura de Precisão (ABPSAP) já vêm realizando serviços de monitoramento de lavouras com drones e VANTs, mas o mercado ainda tem muito para crescer.

Maurício Nicocelli Netto é engenheiro agrônomo e consultor da empresa Monagri consultoria, que auxilia produtores de grãos nos estados de Mato Grosso na implantação de projetos para a agricultura de precisão. Netto viaja pelo mundo em busca de novas tecnologias para a agricultura brasileira, sendo que em 2017 esteve nos Estados Unidos, França e Israel em viagens agrícolas e planeja embarcar para a China e Austrália em 2018.

* AVISO LEGAL/ DISCLAIMER
Este artigo é de autoria de colaborador convidado, articulista ou parceiro da Farming Brasil. Informamos que quaisquer declarações técnicas e opiniões contidas neste texto são única e exclusivamente de inteira responsabilidade do respectivo autor do artigo e não representam necessariamente a opinião do portal SF Agro ou da revista Farming Brasil.

 

SF Artigos – Por Maurício Nicocelli Netto
Fonte: http://sfagro.uol.com.br

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