Ender’s Game total: a RAF quer recrutar gamers para pilotar drones

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Aviação militar é um negócio perigoso, e o risco vai muito além de estar no chuveiro e o Maverick deixar cair o sabonete. Na Segunda Guerra, a força de bombardeiros da RAF tinha 125 mil tripulantes. Desses, 55.573 não voltaram para casa. Drones tornam esse trabalho muito mais seguro, mas as tripulações não gostam.

Os ingleses como todo mundo estão sofrendo para manter suas equipes. Em parte pelas exigências, acabam usando ex-pilotos, gente que fez escola de pilotagem mas não se qualificou, coisas assim. Os pilotos de verdade viam os pilotos de drone como cidadãos de 3ª classe (os de segunda são os pilotos de transporte, helicópteros, nem contam).

Veteranos não aceitam ter o mesmo status de um sujeito que trabalha em um escritório refrigerado e vai para casa no final do expediente. Os droneiros por sua vez sofrem de depressão por não estar “lá”. Pior ainda: sem a sensação do perigo, bombardear um alvo começa a se parecer menos com uma ação de guerra e mais com puro homicídio. Não é discurso liberal, é a sensação que os pilotos reportam.

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A saída está cada vez mais parecendo com o enredo de Ender’s Game, a excelente série de livros do Orson Scott Card que você deveria ler e um filme que você definitivamente não deve assistir.

Segundo o marechal-do-ar Greg Bagwell, da RAF, está difícil repor as perdas por problemas mentais e stress, e…

“Precisamos testar mais se podemos pegar jovens de 18 ou 19 anos direto do quarto do PlayStation e colocá-los na cabine de um Reaper e dizer ‘Hey, você nunca pilotou uma aeronave na vida mas não importa, você consegue pilotar esta’.”

O Marechal explica que um piloto de drone precisa de uma percepção situacional maior que um piloto normal, ele tem que ter uma idéia do cenário completo, tem que tomar decisões com base em informações incompletas e gerenciar o excesso de informação.

O que ele não comenta, mas também faz parte do projeto, é que ao recrutar gente de fora do ambiente militar também estão evitando todo o trauma e stress associados com quem enfrentou combate real. A geração videogame terá dificuldade, mesmo com as câmeras de alta definição em entender seus alvos como gente.

Sem ligação emocional real, os alvos são só pixels, e por causa disso podem ser eliminados sem nenhuma crise de consciência.

Cruel? Com certeza, mas ninguém ganha guerra sendo fofinho.

 

 

Fonte: The Guardian.

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