Drones do terror no estado Islâmico
Estado Islâmico usa aeromodelos adaptados para lançar bombas em território iraquiano e avançar contra tropas militares em Mossul
Uma engenhoca criada pelos terroristas do Estado Islâmico é a nova arma usada pelos extremistas na guerra pelo controle do Iraque. Nos últimos meses, o grupo tem se valido com maior frequência de drones carregando bombas acopladas de maneira amadora. O último ataque foi realizado em Mossul, onde ocorre hoje a principal batalha entre o EI, o exército iraquiano e as forças de coalisão que tentam barrar o avanço do grupo. Um vídeo mostrou o artefato sobrevoando uma região da cidade e depois liberando a bomba. Apesar de precário, o dispositivo causa estragos consideráveis, fere e mata pessoas e aumenta o pânico de uma população que já vive em permanente estado de terror.42
O equipamento é montado a partir de aeromodelos que custam cerca de R$ 600. Com bombas acopladas, são guiados à distância, por controle remoto. Mais de oitenta drones desse tipo fabricados pelo Estado Islâmico já foram encontrados. É uma arma feita de maneira tosca, mas que têm assustado os especialistas da inteligência americana que trabalham na guerra. O grande temor é o de que os terroristas consigam sofisticar a forma de produção da nova arma, tornando-a cada vez mais letal.
EFEITO PSICOLÓGICO
Documentos descobertos pela pesquisadora Vera Mironova, da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, apontam nessa direção. Vera está trabalhando em Mossul e, no material que conseguiu levantar, é possível ver claramente a intenção dos terroristas nesse sentido, afirmando o desejo de adicionar câmeras e sistemas de GPS aos aparatos.
O exército americano destacou equipes para tentar impedir o avanço no uso dos drones no Iraque. Uma de suas atribuições é descobrir formas de desarmá-los. No ano passado, o Pentágono pediu cerca de R$ 60 milhões ao Congresso para solucionar esse problema.
Sabe-se que a utilização dos drones não deve alterar os rumos da guerra por se tratarem de armas quase caseiras, sem comparação possível ao armamento usado pelo exército americano. Uma das preocupações, porém, é que além das mortes, mesmo em menor número, eles provocam um efeito psicológico terrível entre os moradores de Mossul. “Os ataques são muito certeiros, semelhantes aos feitos com morteiros”, relatou Emanuele Nannini, da agência italiana Emergency, que atua em hospitais destacados para receber vítimas dos ataques. “Psicologicamente eles são muito ruins porque aparecem a qualquer momento, a qualquer lugar”, disse.
Fonte: Exame