Brasileiro Gabriel Chaim filma a destruição na Síria com um DRONE. (ASSISTA)
Os extremistas do Estado Islâmico foram expulsos de seu reduto em Raqa, na Síria, mas os danos que deixaram são de tal magnitude que serão necessários meses para limpar e começar a reconstruir a cidade, um desafio colossal.
Imagens aéreas feitas pelo fotógrafo brasileiro Gabriel Chaim e divulgadas nesta sexta-feira (20) pela agência Associated Press mostram a extensão dos danos.
Os intensos combates e bombardeios da coalizão internacional devastaram a cidade, deixando prédios em ruínas, estradas cheias de minas terrestres, toneladas de detritos e falta de água e eletricidade.
Em setembro, a ONU estimou que 80% da cidade estavam inabitáveis, com infraestruturas básicas quase inexistentes.
“Nos últimos meses, fontes locais apontaram uma grave escassez de alimentos, medicamentos, eletricidade, água e produtos de primeira necessidade”, afirma Linda Tom, porta-voz do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU.
“Também há o risco de doenças transmitidas pela água contaminada e pela presença de cadáveres insepultos, o que representa uma grave ameaça para a saúde pública”, acrescenta.
A água corrente não está mais disponível há vários meses, e apenas alguns poços continuavam em serviço antes da última fase da batalha em que o grupo Estado Islâmico (EI) foi derrotado na terça-feira por uma aliança de combatentes árabes e curdos apoiada pelos Estados Unidos.
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‘Enormes investimentos’
Com informa a agência AFP, também não há instalações médicas operacionais em Raqa, e as escolas fecharam há algum tempo, de acordo com ONGs.
“Serão necessários imensos investimentos para reconstruir as casas destruídas, hospitais e escolas e para retirar as minas terrestres antes que as pessoas possam retornar com segurança às suas casas”, adverte a ONG Save the Children.
“A ofensiva militar em Raqa chegou ao fim, mas a crise humanitária é mais séria do que nunca”, assegura Sonia Khush, diretora do grupo para a Síria, em um comunicado.
Antes do início da guerra na Síria, em março de 2011, cerca de 220 mil pessoas viviam em Raqa. A população cresceu nos primeiros anos de conflito, quando muitas pessoas deslocadas se instalaram lá.
Mas a cidade se esvaziou gradualmente de sua população. Algumas pessoas fugiram quando o EI assumiu o controle da cidade, enquanto outras o fizeram durante os combates entre os jihadistas e as Forças Democráticas Sírias (FDS).
Cerca de 270 mil pessoas foram deslocadas em razão dos combates, mas não poderão retornar até que a cidade esteja livre das minas e explosivos.
Os habitantes já foram avisados para não tentarem entrar na cidade enquanto não forem concluídos os árduos trabalhos de limpeza.
Desativar as minas
A difícil tarefa de transformar Raqa em uma cidade novamente habitável será liderada pelo Conselho Civil de Raqa, uma administração local criada há seis meses.
Este Conselho dividiu a cidade em diferentes zonas e planeja uma atuação em etapas, começando pela periferia.
Mas o processo pode ser oneroso.
Segundo o Conselho Civil, a União Europeia prometeu 3 milhões de euros para as operações de retirada e desativação das minas, enquanto que os Estados Unidos e os integrantes de sua coalizão antijihadista prometeram uma ajuda para os projetos de curto prazo e de “rápido impacto”.
Mas o custo final da reconstrução não foi avaliado e ninguém sabe quem assumirá a maior parte da fatura.
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Fonte: APNEWS / g1.globo.com / Twitter –The Associated Press