Trem de pouso: tipos, aplicações e observações para a aquisição.
Já dizia o provérbio, “tudo o que sobe, desce”, e por mais cômica que seja essa afirmação ela servirá de inspiração para essa matéria, afinal, como qualquer outra aeronave, os multirotores precisam ser bem projetados para que possibilitem aos seus operadores que realizem pousos seguros também, tanto para a preservação do equipamento quanto para a segurança de seres vivos. Discutiremos então sobre o responsável em suportar a aeronave em solo: o trem de pouso.
Pode parecer um detalhe menor, mas acredite, os trens de pouso são de grande importância para a integridade da aeronave, e basicamente o que fará a diferença para um piloto prestador de serviços será entender que o trem de pouso a ser usado deve estar de acordo com a natureza de sua aeronave. Lembrando que no caso está sendo tratado de aeronaves customizáveis, aquelas que possibilitam o proprietário a colocar e retirar peças segundo a necessidade, pois as máquinas de projetos de drones patenteados já veem completas para o uso. Posta a pauta, discorreremos.
Existem disponíveis no mercado, principalmente nas plataformas de compras online, uma boa quantidade de modelos de trem de pouso para vários tipos de drones para aquisição, e também entre os modelos standard existe essa variedade. Mas falando de drone profissionais vemos que prevalecem dois modelos principais: o modelo de pés múltiplos e os de barras paralelas. A grande questão é que para essa análise não podemos apenas considerar as condições de pouso como ideais, onde o terreno é plenamente plano, o piloto é muito experiente e não há falha no drone, mas devemos pensar em como atuará o meu trem de pouso caso algum desses fatores não contribua muito. É óbvio que não é considerada uma atitude profissional negligenciar os pontos acima descritos, mas como estamos fazendo uma resumida análise de falha devemos tomar essa liberdade para percepção melhor da problemática.
Terreno com irregularidades: os trens de pouso de barras paralelas podem lhe dar com certa dificuldade com essa condição, visto que seu design exige plena tangencialidade entre o solo e o equipamento. Já no caso do outro modelo há a possibilidade de maior adaptação ao terreno, isso porque como o apoio se baseia em pontos e não em linhas, podemos projetar um plano de pouso em leves superfícies côncavas ou convexas em casos de emergência que exijam pouso imediato.
Piloto com pouca experiência: um dos passos que sempre geram dificuldades aos pilotos iniciantes é o processo de aterrissagem, e por mais que o trem de pouso não faça milagres nesse sentido, ele pode ser uma complicação a menos. No caso não podemos dizer que o estilo de pés facilitará as coisas para um iniciante, mas o material deles sim. Isso porque se este material apresentar um módulo de elasticidade um pouco maior, pode amplificar um salto no primeiro impacto da máquina com o chão no processo de pouso (o que é normal de acontecer com iniciantes). Isso pode assustar o piloto, que como uma reação ao susto pode abortar a aterrissagem para uma nova tentativa, ou até acionar um comando não adequado, podendo promover um acidente. É um detalhe pequeno, mas que pode fazer uma grande diferença.
Queda do VANT: infelizmente, temos que lembrar que às vezes somos acometidos de surpresas ruins, e em uma delas a aeronave pode cair. Supondo que haja a sorte de que o primeiro corpo a sofrer o impacto seja o trem de pouso, quais seriam as consequências? É quase certeza que o mesmo irá sofrer fraturas, mas quanto das estruturas eletroeletrônicas e do frame seriam preservadas? Isso depende não só do tipo de trem de pouso, mas também de sua disposição geométrica e do material. Vejam que se os pés forem dispostos de uma maneira vertical, a reação da queda será de que os pés, mesmo que quebrem, atinjam a parte inferior do casco onde se localizam as placas de comando e inteligência da aeronave, podendo danificá-las. Para que isso não aconteça o material dos pés deverá apresentar um nível de equilíbrio muito grande para com a sua elasticidade e ponto de deformação plástica, para que esse processo amorteça a queda, quebrando os pés no momento certo para que eles não venham a danificar a aeronave. Agora, se o trem de pouso possuir seus pés dispostos com certo ângulo “aberto” para com o solo, o impacto da queda promoverá um momento de torque nos mesmos, fazendo com que as propriedades elásticas do material possam atuar de maneira mais efetiva, visto que agora a reação da força normal não mais atuará diretamente no suporte de aterrissagem, mas haverá uma decomposição de forças que se distribuirá ao longo dos pés que sofrem flexão. Eles muito provavelmente também irão quebrar, mas os riscos de danificar outros componentes diminuem, já que o nível de amortecimento será maior. No que se diz respeito à diferenças entre o modelo de barras e o de pés múltiplos será no gasto com a reposição dos componentes, pois no modelo de barras temos apenas dois grande pé que provavelmente quebrarão em uma queda, enquanto que no outro pode ocorrer de que alguns pés quebrem e outros não, barateando a reposição. O material do trem de pouso no caso poderá dar algum nível de sobrevivência aos pés no caso de impactos menores com o solo. Lembre-se, materiais mais duros por mais que resistem a forças maiores, não oferecerão elasticidade para aliviar impactos que possam resvalar para o casco e seus componentes internos. Para algumas máquinas, materiais mais duros são ideais para o suporte de aterrissagem, para outras não.
Vemos que a opção de um trem de pouso deve se basear não só na sua quantidade de pés ou terreno de aterrissagem, mas outros fatores devem ser levados em conta para evitar ou amenizar males. Como observações podemos comentar que para os modelos com pés múltiplos as opções verticalizadas talvez não preservem a máquina tão bem como pés inclinados para os casos de queda. E para as barras podemos ver que os cuidados com o terreno de aterrissagem devem ser ainda maiores.
Assim, o trem de pouso se caracteriza como um componente importante do drone, mas sua eficiência é dependente também de outros fatores que cabem ao operador identificar. Ninguém conhece uma máquina mais do que aquele que a criou e o que a usa constantemente, assim, o piloto deve sempre se manter atento aos parâmetros de operação do VANT, e de acordo com sua análise crítica escolher os componentes que promoverão uma pilotagem eficiente e segura.
Escrito por Diogo Santiago Sobral, Engenheiro Mecânico.
Fonte das imagens:
https://pt.banggood.com/Glass-Fiber-Highten-Landing-Gear-Kit-For-DJI-F450-F550-Multicopter-FPV-p-944066.html?cur_warehouse=CN
https://viahobby.com.br/loja/home/36-trem-de-pouso-para-drone-f450550.html
https://curiator.com/art/maya-lin/storm-king-wave-field
www.ocregister.com/2016/06/05/grand-jury-every-oc-city-should-adopt-drone-laws-with-penalties-by-march/