Aplicações da câmera termal para serviços com drones

É um fenômeno comum da ciência e tecnologia que muitos avanços e inventos sejam primeiramente utilizados no meio militar e nos sistemas de defesas nacionais, tempos depois sendo disponibilizados aos meio de produção e por último para a população comum. Esse é o caso dos sistemas de câmeras termais, um utilitário de grande valia para os atuais processos e que a cada dia vai se popularizando mais e mais no mercado de drones. Mas para que possamos nos inteirar de forma mais correta nesse assunto devemos primeiro entender como surgiu o conceito.

A tecnologia das câmeras termais se baseia na interpretação visual da radiação infravermelho, isso porque essa família de ondas é a que mais irradia calor. Mas se não podemos ver essas ondas, como sabemos que elas existem? No ano de 1800, o astrônomo da casa real inglesa, Sir William Herschel, procurando um sistema de lentes que diminuíssem a claridade dos raios solares percebeu que as diferentes cores de lentes também influenciavam no calor que as transpassaram. Assim, através da reprodução do experimento com o prisma de Sir Isaac Newton, reparou que os diferentes espectros da luz também transmitiam diferentes intensidades de calor. Qual não foi a surpresa quando percebeu que após espectro vermelho, existia uma zona sem cor que possuía uma temperatura maior do que as outras regiões. Hoje conhecemos essa radiação como as ondas de infravermelho, mas devido a sua natureza invisível ao olho nu ela já foi chamada de “calor escuro” ou “raios invisíveis”.

Esse foi sem dúvida nenhuma um grande avanço para a compreensão dos fenômenos térmicos, mas como a ciência não para, logo especialista arranjaram um jeito de traduzir esses raios em informação visível e funcional. Após a Primeira Guerra Mundial, a engenharia inglesa inaugurou um sistema de captação sensível ao infravermelho com visualização por televisão para o sistema de defesa antiaérea da Inglaterra, em 1929. E conforme os sistemas foram se especializando dentro e fora do setor militar, logo também as indústrias também queriam desfrutar desse avanço que em muito poderiam auxiliar na cadeia produtiva, trazendo precisão e eficácia nos processos de inspeção e fiscalização.

Assim essa tecnologia chegou para os entusiastas da tecnologia embarcada, os quais têm a cada dia descoberto mais oportunidades de aliar a facilidade de locomoção e visualização dos com a perspectiva visual das câmeras termais. Mas agora que você já entende tanto de drones quanto de câmeras termais, qual demanda você supriria aliando essas duas técnicas?

Com certeza os setores dos quais mais demandam essa solução são os militares, policiais e sistemas de segurança e vigilância patrimonial. Isso porque diferentemente de um câmera fixa, o drones pode ser programado para seguir uma rota, uma missão, o qual caracterizaria um sistema de patrulha muito útil para períodos noturnos ou regiões naturalmente mais escuras. Até para zonas parcialmente encobertas essa tecnologia seria de muita utilidade, como por exemplo para perseguições de elementos criminosos em bosques, pois em uma visão superior o fugitivo poderia disfarçar suas cores através de roupas de cores coincidentes com o ambiente, dificultando a visualização de câmeras RGB, mas devido ao aumento da temperatura corporal oriundo da metabolização de energia necessária para um fuga, a câmera termal pode facilitar a localização do elemento em uma região de cobertura parcial. Mas mesmo assim, em florestas de matas densas essa tarefa enfrentará dificuldades maiores.

Também as entidades de resgate podem fazer uso dessas técnicas aliadas. Algumas corporações de bombeiros do Rio de Janeiro por exemplo já começaram a utilizar da mesma. Segundo a reportagem do jornal eletrônico O Globo (Rio de Janeiro), o coronel Roberto Robadey, comandante-geral do Corpo de Bombeiros diz que  “a tecnologia deverá melhorar e facilitar os trabalhos, ja que os drones possuem maior mobilidade e acesso aos mais diferentes locais.”.

Mas e fora dos grupos de emergência e resposta ao crime, existe demanda? Com certeza. Basicamente podemos verificar que essa necessidade já foi sentida e suprida já a algum tempo, mas naquele momento a facilidade de visualização vinda dos drones não era uma realidade, assim, basicamente essa solução é aplicável para todos os processo de fiscalização que antes já se utilizavam das câmeras termais mas que possuíam certa dificuldade de acesso. Podemos destacar redes externas de ar condicionado e de sistemas de geração de energia por exemplo.

E também na agricultura essa é uma solução que já vem sido explorada, mas dessa vez não pelo multi rotores, e sim pelos drones de asa fixa. Pois através de uma análise dos níveis de temperatura da propriedade agrícola, podemos verificar através de padrões térmicos da cultura se a plantação está em condições normais de sua saúde. Caso não esteja, de ser necessária uma investigação de causas e efeitos.

Mais uma vez, vemos que a grande questão para elaboração de soluções com sistemas de UAVs muitas vezes não se tratam de bolar invenções, projetos ainda não existentes, mas sim de juntar com inteligência soluções já prontas para para atender uma necessidade de maneira melhorada, mais segura e mais rápida. Fique atento sempre às novidades do setor, leia sempre as publicações, busque inspiração, afinal a expertise não se traduz apenas em criar coisas, mas também e ter um olhar crítico e diferenciado para situações em que muitos não prestam tanta atenção.

Escrito por Diogo Santiago Sobral, Engenheiro Mecânico.

Fontes:

https://oglobo.globo.com/rio/drones-dos-bombeiros-usarao-cameras-termicas-para-ajudar-em-salvamentos-neste-verao-23316218

https://www.ecamsecure.com/blog/thermal-cameras/history-thermal-imaging-cameras/

https://www.nachi.org/history-ir.htm

Fontes das imagens:

www.bitternsirince.com.au/thermal-drone-breakthrough/

pixels.com/featured/1-william-herschel-universal-history-archiveuig.html