Drone promete revolucionar pulverização de lavouras
Equipamento apresentado durante a 25ª edição da Agrishow cobre 20 hectares por hora, pode funcionar 24 horas por dia e gasta apenas 12,5% da água usada por aviões agrícolas que fazem a mesma função
O uso de drones – ou Veículos Aéreos Não Tripulados (Vants) – se torna cada vez mais comum no agronegócio. A Eleva, empresa que desenvolve e fabrica soluções para o mercado aeronáutico, viu nessa tecnologia a oportunidade para solucionar um desafio do homem do campo: tornar a pulverização mais precisa e segura.
“Venho de uma família de agricultores. Eu via as ineficiências: muitas mortes, todos os anos, não só por queda de avião, mas também pessoas contaminadas por pesticidas”, conta Celso Faria de Souza, um dos diretores da Eleva. Junto dos colegas do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), Luciano Castro e Norberto Maraschin Filho, começou o projeto da startup dois anos atrás.
O protótipo batizado de ElevaSpray 150, apresentado na 25ª Agrishow, em Ribeirão Preto (SP), carrega até 75 quilos e pode cobrir cerca de 20 hectares por hora. A autonomia maior em relação a outros drones se deve à utilização de combustível. Segundo Castro, posterior ao desenvolvimento do projeto aéreo, a tecnologia pode ser adequada para cargas maiores e outros fins além da pulverização.
Vantagens
Entre as vantagens do modelo está a possibilidade de operar à noite, quando a temperatura é menor e as plantas têm maior facilidade para absorver defensivos. Além disso, de acordo com Souza, o custo de um piloto de avião pode variar entre R$ 15 mil a R$ 20 mil por mês.
O controle por GPS permite que o Vant voe a até um metro da lavoura. “As gotas chegam até o caule, se for necessário. Também conseguimos fazer com que a dosagem varie, aumentando ou diminuindo durante a aplicação, conforme pedido do cliente”, diz Souza.
Outra vantagem do ElevaSpray 150, de acordo com os desenvolvedores, é a economia na aplicação de insumos, já que o equipamento trabalha no conceito de Ultra Baixo Volume (UBV). Enquanto um avião gasta 40 litros de água por 100 mililitros de defensivo para formas gotas que cheguem à lavoura, voar baixo permite que o Vant use apenas cinco litros.
Maraschin Filho explica que, diferentemente dos tratores – que têm um índice de amassamento de 5%, o que pode representar a perda de três sacas por hectare, tomando como base uma produtividade de 60 sacas por hectare -, o drone não traz prejuízo. “A gente acredita que essa pulverização será uma fração do custo de passar um trator na lavoura.”
Venda
O protótipo deve passar pelo processo de seleção de fornecedores de peças em breve. Os criadores afirmam que o custo de investimento será muito menor do que o de aviões agrícolas. E isso deve acelerar a chegada do produto ao mercado.